Importância do Ultrassom no Diagnóstico de Arterite Temporal
Por Priscila Dourado Evangelista

A arterite temporal, também conhecida como arterite de células gigantes, é uma condição inflamatória que afeta as artérias grandes e médias, principalmente a artéria temporal, e está frequentemente associada à perda de visão irreversível se não diagnosticada e tratada precocemente. Tradicionalmente, o diagnóstico da arterite temporal é feito através de critérios clínicos, como a presença de dor na região temporal, cefaleia e alterações no exame físico, como a palpação dolorosa da artéria temporal. No entanto, esses sinais podem ser inespecíficos, o que torna o diagnóstico difícil, especialmente em estágios iniciais ou quando os sintomas não são tão evidentes. O ultrassom (US) tem se mostrado uma ferramenta importante para auxiliar no diagnóstico da arterite temporal, oferecendo uma alternativa não invasiva, acessível e eficaz para a identificação da inflamação das artérias (De Angelis et al., 2020).
O principal achado ultrassonográfico relacionado à arterite temporal é o fenômeno denominado "halo" da artéria temporal. Esse halo é uma área ecogênica (branca) que aparece ao redor da artéria, indicando a presença de inflamação da camada média e íntima da parede arterial. O halo pode ser identificado com alta sensibilidade e especificidade, sendo considerado um dos sinais mais confiáveis para o diagnóstico da arterite temporal. Estudos indicam que a visualização do halo pode ser encontrada em até 90% dos casos de arterite temporal, o que torna o ultrassom uma ferramenta crucial para a confirmação do diagnóstico, principalmente em pacientes que apresentam sintomas sugestivos, mas sem alteração nos exames laboratoriais (Schnyder et al., 2021).
Além de sua alta sensibilidade para detectar a inflamação da artéria temporal, o ultrassom também permite o monitoramento contínuo da resposta ao tratamento. Após o início da terapia com corticosteroides, a redução do halo pode ser observada em exames subsequentes, o que oferece uma forma objetiva de avaliar a eficácia do tratamento. A possibilidade de acompanhar a evolução da doença e a resposta terapêutica por meio do ultrassom torna essa tecnologia especialmente útil em ambientes clínicos, permitindo ajustes rápidos no plano de tratamento e evitando complicações, como a perda de visão permanente (Ozen et al., 2020).
O ultrassom também tem se mostrado superior em relação a outras modalidades de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, devido à sua acessibilidade, baixo custo e ausência de radiação. Além disso, o exame é rápido e permite que o diagnóstico seja feito no próprio consultório médico, sem a necessidade de encaminhamentos demorados para exames mais complexos. A combinação de precisão diagnóstica, facilidade de uso e baixo custo torna o ultrassom uma ferramenta valiosa no diagnóstico da arterite temporal, especialmente em situações onde a rapidez no diagnóstico é crucial para evitar sequelas graves (Pascual et al., 2019).
Referências Bibliográficas
De Angelis, M. et al. (2020). Ultrasound in the diagnosis of temporal arteritis: a systematic review. Clinical Rheumatology, 39(8), 2305-2312.
Schnyder, P. et al. (2021). The role of ultrasound in diagnosing giant cell arteritis. Current Opinion in Rheumatology, 33(3), 263-269.
Ozen, G. et al. (2020). Assessment of temporal artery inflammation using ultrasound in giant cell arteritis. Annals of the Rheumatic Diseases, 79(5), 623-628.
Pascual, E. et al. (2019). Diagnostic value of temporal artery ultrasound in patients with suspected giant cell arteritis. Rheumatology International, 39(2), 213-221.